8 de janeiro: PF suspende, por 34 dias, delegado que comandava segurança do DF no dia dos atos
25/08/2025
(Foto: Reprodução) Fernando de Sousa Oliveira presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, em Brasília
TV Globo/Reprodução
A Corregedoria da Polícia Federal decidiu punir, com 34 dias de suspensão, o delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira – que comandava as forças de segurança do Distrito Federal no dia dos atos golpistas no centro de Brasília, em 8 de janeiro de 2023.
Oliveira atuava, à época, como secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública, ou seja, era o "número 2" do então secretário Anderson Torres.
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➡️ Anderson Torres tomou posse na secretaria de Segurança do DF em 2 de janeiro de 2023 e viajou para o exterior quatro dias depois, em 6 de janeiro – dois dias antes dos atos de vandalismo contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Com a viagem, Oliveira foi deixado no comando das tropas.
Atualmente, o delegado está lotado na Delegacia da PF em Santo Ângelo (RS) – cidade onde morava antes de vir para Brasília.
O documento obtido pela TV Globo diz que Oliveira era "responsável, de fato e de direito, pela condução da segurança pública local no período que antecedeu os eventos de 8 de janeiro de 2023".
A suspensão foi aplicada por Oliveira "ter deixado de adotar [...] providências minimamente diligentes e compatíveis com os alertas de inteligência que recebeu, os quais indicavam, com grau significativo de precisão, a iminência de ações violências contra prédios públicos da capital federal, praticando ato omissivo que comprometeu a função policial".
Portaria com a punição disciplinar ao delegado da PF Fernando de Sousa Oliveira
Reprodução
A portaria com a suspensão foi assinada pela corregedora-geral da PF, Helena de Rezende, no último dia 14.
A TV Globo tenta contato com Fernando de Sousa Oliveira e com a defesa dele. O g1 questionou a Polícia Federal sobre o início do cumprimento da punição, mas não obteve retorno.
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Réu no STF
Fernando de Sousa Oliveira é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito dos atos golpistas. A data do julgamento dele ainda não foi definida.
O delegado da PF é listado como membro do chamado "núcleo 2". São os acusados que ocupavam posições profissionais relevantes e gerenciavam as ações elaboradas pela organização para manter Bolsonaro no poder mesmo após a derrota nas urnas em 2022.
Além de Oliveira, estão nessa lista:
Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor de Bolsonaro;
Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência no governo Bolsonaro;
Marília de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça;
Mário Fernandes, general da reserva e ex-assessor da Presidência no governo Bolsonaro;
Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF no governo Bolsonaro.
Ouvido pelo STF, Oliveira afirmou que a Polícia Militar do DF deixou de cumprir o protocolo para evitar os atos golpistas de 8 de janeiro.
Disse, também, que Anderson Torres manteve sua viagem ao exterior mesmo após ser alertado dos riscos de violência na mobilização prevista para a Esplanada dos Ministérios.
“Questiono sobre a viagem, se não seria correto ele adiar a viagem… ele diz que demonstrava confiança na Policia Militar do DF e o PAI [Plano de Ação Integrada] que ele julgou que estava perfeito e na sequência mantém a viagem”.
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