Beber café com pimenta, punhos e joelho pisoteados, espuma nos olhos e pauladas: como PMs torturaram colega no DF
31/10/2025
(Foto: Reprodução) Soldado conta que sofreu tortura dentro de batalhão da PMDF
Beber café com pimenta, punhos e joelho pisoteados, espuma nos olhos e pauladas estão entre as agressões sofridas pelo soldado Danilo Martins, no Distrito Federal.
A tortura, feita por colegas da Polícia Militar, foi cometida em 22 de abril de 2024, para que Danilo desistisse do curso de formação do Batalhão de Choque.
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Danilo precisou ser internado em UTI após 8h de agressão. Nesta quinta-feira (30), o Ministério Público denunciou 14 militares (veja nomes mais abaixo).
O MP pede a condenação dos envolvidos, a perda dos cargos públicos e o pagamento de indenização por danos materiais e morais.
Em nota (veja a íntegra abaixo), a PMDF informou que os fatos foram investigados pela Corregedoria da corporação, seguindo os critérios legais e regulamentares.
Com a denúncia, o caso está sob a responsabilidade do Poder Judiciário e que a corporação vai colaborar integralmente com o processo judicial.
O g1 perguntou para a Secretaria de Segurança Pública se os 14 investigados seguem vinculados à corporação, mas ainda não recebeu resposta.
Veja como foi a tortura
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A denúncia do MP apresenta detalhes sobre a tortura cometida contra o soldado, segundo relato dele.
Entre as agressões cometidas contra Danilo, durante 8h, estão:
obrigado a segurar um tronco sobre a cabeça, durante longo período de tempo;
teve os olhos atingidos por gás;
foi golpeado com uma vara de madeira;
correu com o tronco de madeira sobre a cabeça, sendo obrigada a entoar uma canção com frases de humilhação, como "eu me faço de palhaço, envergonho a minha família";
obrigado a permanecer em marcha estacionária, com o tronco sobre a cabeça, entoando a canção em frente aos demais alunos do curso;
obrigado a fazer flexões dizendo "eu sou um lixo”, enquanto teve os olhos atingidos por espuma química e recebia golpes com pedaço de madeira;
golpeado na cabeça com um cassetete;
bebeu café com sal e pimenta;
teve punhos e joelhos pisoteados;
foi obrigado a correr sustentando um sino pesado de metal.
14 policiais denunciados
Os 14 policiais denunciados pelo MP chegaram a ser presos em abril de 2024. Eles foram alvos de uma operação, que cumpriu mandados de prisão e 15 de busca e apreensão.
Em 29 de abril, a PM informou que eles foram levados para o presídio militar no Complexo Penitenciário da Papuda.
Eles foram soltos em 2 de maio do mesmo ano.
São eles:
2º tenente Marco Aurélio Teixeira Feitosa;
2º tenente Gabriel Saraiva Dos Santos;
ST Daniel Barboza Sinesio;
1º sargento Wagner Santos Silvares;
2º sargento Fábio De Oliveira Flor;
2º sargento Elder de Oliveira Arruda;
3º sargento Eduardo Luiz Ribeiro Da Silva;
3º sargento Rafael Pereira Miranda;
3º sargento Bruno Almeida da Silva;
Cabo Danilo Ferreira Lopes;
Soldado Rodrigo Assunção Dias;
Soldado Matheus Barros Dos Santos Souza;
Soldado Diekson Coelho Peres;
Capitão Reniery Santa Rosa Ulbrich.
Internado na UTI
Imagem mostra soldado Danilo internado após agressões que diz ter sofrido no Batalhão de Choque
Reprodução
Após as agressões em 22 de abril de 2024, o soldado Danilo Martins foi para a UTI de um hospital.
Ele foi diagnosticado com insuficiência renal, rabdomiólise - ruptura do músculo esquelético, ruptura no menisco, hérnia de disco e lesões lombar e cerebral.
O que diz a Polícia Militar
"A Polícia Militar do Distrito Federal informa que os fatos envolvendo o XVI Curso de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo), ocorridos em abril de 2024, foram devidamente apurados pela Corregedoria da Corporação, dentro dos critérios legais e regulamentares.
Com a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o Poder Judiciário será responsável pela análise e julgamento do caso, cabendo à PMDF colaborar integralmente com a instrução do processo e respeitar todas as decisões que venham a ser proferidas."
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