Bolsonaro preso: veja quais são as diferenças entre a prisão atual na PF, a domiciliar e a Papuda
27/11/2025
(Foto: Reprodução) Veja como é a 'Sala de Estado' onde Bolsonaro ficará preso
O ex-presidente Jair Bolsonaro começou a cumprir, na última terça-feira (25), a pena de 27 anos e 3 meses a que foi condenado como líder da organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado e permanecer no poder.
Bolsonaro está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília – mesmo prédio onde já estava em prisão preventiva desde o sábado (22), quando tentou violar a tornozeleira eletrônica.
Nas 11 semanas entre a sentença do STF e a ordem de prisão, alguns locais foram citados como "possíveis destinos" de Bolsonaro e dos outros réus no cumprimento efetivo da pena:
o Complexo Penitenciário da Papuda, gerido pela Secretaria de Administração Penitenciária do DF
a "Papudinha", prédio da Polícia Militar do DF dentro do complexo da Papuda
o Comando Militar do Planalto, de responsabilidade do Exército.
Cada um desses espaços tem regras e rotinas diferentes para os custodiados. Na PF, Bolsonaro tem direito a benefícios que não receberia se estivesse na Papuda ou no Comando Militar do Planalto, por exemplo.
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Jornal Nacional/ Reprodução
A Sala de Estado-Maior
A primeira diferença diz respeito à própria cela – ou, no caso de Bolsonaro, as "salas" ou "quartos" que ele ocuparia durante a prisão.
Na Superintendência da PF, Bolsonaro está lotado em uma sala de Estado-Maior. O espaço, com cerca de 12 m², é reservado para autoridades como presidentes da República e outras altas figuras públicas (veja infográfico abaixo). O quarto individual conta com:
sala com mesa e cadeira
cama de solteiro
banheiro privativo
ar-condicionado
televisão
janela
armário
frigobar
Infográfico: sala de Estado-Maior onde Bolsonaro ficará preso tem banheiro, frigobar e TV
Arte/g1
Se tivesse ido para a Papuda, Bolsonaro iria para uma das cinco unidades prisionais do complexo (veja a lista abaixo). Todas, atualmente, enfrentam superlotação:
Centro de Detenção Provisória (CDP): para custodiados em regime provisório, com 2.629 internos, cerca de 58% a mais do que a capacidade.
Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I): para reeducandos em regime fechado, com 2.936 presos, cerca de 85,4% de superlotação.
Penitenciária do Distrito Federal II (PDF II): para reeducandos em regime fechado, com 2.846 pessoas, cerca de 90,5% a mais do que a capacidade.
Penitenciária do Distrito Federal IV (PDF IV): para reeducandos em regime fechado, com 2.510 presos, cerca de 50,8% de superlotação.
Centro de Internamento e Reeducação (CIR): destinado a custodiados em regime semiaberto, com 3.300 pessoas privadas de liberdade, cerca de 98% a mais do que a capacidade.
Se fosse para um dos blocos da Papuda, Bolsonaro iria para o Centro de Detenção Provisória (CDP), onde ficam as celas para "presos especiais" – ex-policiais, políticos e idosos, por exemplo.
O ex-ministro José Dirceu, quando estava preso, ficou no CDP. A cela onde permaneceu é coletiva, tem aproximadamente 30 m², camas do tipo beliche, chuveiro e vaso sanitário.
Na Papudinha, onde o ex-ministro Anderson Torres vai cumprir a pena, o ex-presidente poderia ficar em uma cela individual como Torres. Por lá, há também oito alojamentos coletivos com banheiro, chuveiro, cozinha, lavanderia, quarto e sala.
Segundo a Polícia Militar, todas essas instalações foram reformadas em 2020. As celas "são ventiladas e passam por higienização diária", segundo a corporação. Também é permitido acesso a televisores e ventiladores, de acordo com o regramento da unidade prisional.
Já no Comando Militar do Planalto, onde os generais Augusto Heleno Ribeiro Pereira e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira vão cumprir pena, o ex-presidente poderia ficar em sala individual, típica de uma instalação militar, com banheiro anexo.
O local possui uma cama, uma escrivaninha, uma televisão com canais abertos, frigobar e ar-condicionado.
Infográfico - Infográfico - Mapas mostram localização dos presos e condenados pela trama golpista.
Arte/g1
Visitas
Na Superintendência da PF, desde que foi preso no sábado, o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu a visita da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e dos filhos Carlos Bolsonaro (PL), vereador do Rio de Janeiro e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Cada visita durou entre 20 e 40 minutos.
Pela decisão de Moraes, todas as visitas devem ser previamente autorizadas pelo STF. A exceção são os advogados e a equipe médica. Na decisão, o ministro não citou periodicidade ou dias específicos para visitas.
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Já na Papuda, as visitas são às quartas e quintas-feiras, organizadas por blocos. Cada interno só pode receber visitas de 15 em 15 dias, em uma dessas datas.
Para visitar alguém na Papuda, é preciso cadastro prévio presencial em postos do Na Hora ou no próprio CDP, emitir senhas online e chegar nos dias de visita com meia hora de antecedência.
O visitante passa por uma revista corporal e precisa usar roupas brancas e sandálias. Além disso o interno pode cadastrar até 10 pessoas para visitá-lo, sendo nove familiares e um amigo.
Na Papudinha, o detentos têm direito a visitas duas vezes por semana – o calendário é o mesmo para todos os presos na Papudinha e divulgado com antecedência. "A visita íntima segue as regras da execução penal", completa a PM.
O Exército foi questionado pela TV Globo sobre a rotina de visitas no Comando Militar do Planalto para Heleno e Nogueira. Em resposta, sem detalhar, disse apenas que "seguirá as normas vigentes aplicadas à custódia de militares".
Alimentação
Na Papuda, os custodiados recebem quatro refeições diárias – café da manhã, almoço, jantar e ceia.
O g1 consultou o cardápio de novembro de 2025, que inclui:
Café da manhã: pão francês com margarina e achocolatado;
Almoço: arroz, feijão, guarnição (farofa, legumes ou purê) e proteína (galinhada, feijoada, carne moída ou frango), além de um suco;
Jantar: arroz, feijão, guarnição (legumes, polenta, farofa, banana ou purê), proteína (carne moída, frango assado, galinhada, empanado de peixe ou frango ao molho);
Ceia: pão com frios, banana, suco.
No caso do ex-presidente, a defesa conseguiu autorização judicial para que ele receba alimentação especial externa – ou seja, comida levada por pessoa cadastrada pela defesa anteriormente, no horário fixado pela PF, que deverá fiscalizar e registrar o que for entregue.
Na Papudinha também seria possível um cardápio "diferenciado" em relação aos dos demais detentos, como é o caso de Anderson Torres.
No Comando Militar do Planalto, a alimentação dos detentos é a mesma servida aos demais militares. Eles não podem ir ao refeitório e devem fazer as refeições nas próprias salas individuais.
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Atendimento médico
Segundo a Seape, a Papuda conta com Unidades Básicas de Saúde Prisional (UBSP) em cada ala, conforme o regime (fechado, semiaberto ou aberto).
Essas unidades oferecem serviços de atenção primária, como consultas médicas gerais e odontológicas, triagem e acompanhamento de doenças crônicas, exames, diagnóstico e tratamento. Também há atendimento psicológico e social.
Quando o preso precisa de atendimento fora da prisão, há uma escolta convocada para o deslocamento – desde que haja autorização e condições de segurança.
Já na Superintentência da PF, onde Bolsonaro cumpre pena, Moraes decidiu que os médicos de Bolsonaro estão previamente autorizados a entrar e prestar atendimento.
Na Papudinha, segundo a Polícia Militar do DF, há o atendimento médico periódico "com consultório próprio e monitoramento contínuo da saúde".
Questionado sobre como funciona o atendimento médico, o Exército não detalhou o procedimento no Comando Militar do Planalto.
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