Dia de Finados: Athos Bulcão e Sarah Kubitschek estão enterrados no cemitério de Brasília; veja outros nomes
02/11/2025
(Foto: Reprodução) Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
No Dia de Finados, as ruas do Campo da Esperança, cemitério na área central de Brasília, são percorridas não só pelos parentes que prestam homenagens aos falecidos – mas, também, por turistas e curiosos.
É que o cemitério é a última morada de personalidades da capital do país, como a ex-primeira-dama Sarah Kubitschek, o artista plástico Athos Bulcão e a atriz Dulcina de Moraes.
A administração afirma não ter dados do número de visitantes, já que a entrada é livre, mas elenca as sepulturas mais visitadas (veja lista abaixo).
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📌 Neste domingo (2), os seis cemitérios do DF – Asa Sul, Brazlândia, Gama, Planaltina, Taguatinga e Sobradinho – vão abrir uma hora mais cedo, das 7h às 18h.
📌 A empresa concessionária oferecerá transporte interno gratuito nos quatro maiores cemitérios do DF: Asa Sul, Taguatinga, Gama e Sobradinho.
Sepulturas mais visitadas
Sepultura do engenheiro agrônomo Bernardo Sayão, na ala dos pioneiros do Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
Bernardo Sayão Carvalho Araújo
Engenheiro agrônomo e político, Bernardo Sayão Carvalho Araújo é um dos pioneiros da cidade. Foi encarregado pelo presidente Juscelino Kubitschek de construir o trecho norte da Transbrasiliana (Belém-Brasília).
Morreu em janeiro de 1959, quando acompanhava pessoalmente as obras – nos trabalhos de abertura da mata, uma árvore foi derrubada de forma equivocada e atingiu o barracão em que ele estava.
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Lápide do fundador de Brasília, presidente Juscelino Kubitschek, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília; corpo do político está em memorial
Raquel Morais/G1
Juscelino Kubitschek de Oliveira
Embora tenha uma lápide no Campo da Esperança, o corpo do ex-presidente está atualmente no Memorial JK.
Durante seu mandato, de 1956 a 1961, Juscelino lançou o Plano de Metas – que tinha como lema “Cinquenta anos em cinco” – e foi responsável por uma das maiores obras do século 20, a construção de Brasília.
Sepultura da ex-primeira-dama Sarah Kubitschek, na ala dos pioneiros, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
Sarah Kubitschek
Esposa de JK, a ex-primeira-dama do Brasil, entre 1956 e 1961, foi idealizadora do Memorial JK.
Mineira de Belo Horizonte e filha de deputado, Sarah teve a política sempre presente na infância. O Parque da Cidade e uma rede de hospitais do DF levam o nome de Sarah Kubitschek.
Sepultura da jornalista e política Márcia Kubitschek, na ala dos pioneiros do Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
Márcia Kubitschek
Filha do casal Juscelino Kubitschek e Sarah Kubitschek, foi jornalista e política.
Márcia foi eleita deputada federal pelo DF em 1986 e chegou a ser vice-governadora em 1990, na primeira eleição direta para o governo local.
Jazigo de Athos Bulcão no cemitério do Campo da Esperança.
Ana Lídia Araújo/g1 DF
Athos Bulcão
Estava entre os artistas pioneiros, que vieram à capital a convite do arquiteto Oscar Niemeyer e transformou ruas e prédios de Brasília em obra de arte.
São mais de 200 criações desenvolvidas pelo artista carioca durante as cinco décadas em que ele morou na capital.
Jazigo do Athos Bulcão no cemitério do Campo da Esperança.
Ana Lídia Araújo/g1
Jazigo do ex-governador do DF Joaquim Domingos Roriz.
Ana Lídia Araújo/g1
Joaquim Roriz
Nasceu em Luziânia, Goiás, e antes de iniciar a vida em Brasília, foi eleito deputado estadual, deputado federal e vice-governador do estado de Goiás. Após ser prefeito de Goiânia, se tornou governador do Distrito Federal, em 1988, indicado pelo então presidente do país, José Sarney.
Na época, o DF não tinha o direito de eleger seu governador pelo voto direto. Depois, foi eleito três vezes para o mesmo cargo, em 1990, 1998 e 2002.
Sepultura de Ana Lídia Braga, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
Ana Lídia Braga
A menina tinha 7 anos quando foi sequestrada do colégio. A perícia apontou que ela foi torturada, asfixiada e estuprada.
O corpo foi encontrado no dia seguinte, em um terreno da Universidade de Brasília (UnB). Ela estava nua, com marcas de cigarro e com os cabelos mal cortados.
Os suspeitos do crime são o irmão – que, junto à namorada, teria vendido a garota a traficantes – e filhos de políticos. O crime aconteceu durante a ditadura. Passados 44 anos, ninguém foi punido.
Sepultura da atriz Dulcina de Moraes, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
Dulcina Myssem de Moraes
Dulcina de Moraes foi uma atriz de teatro brasileira – a estreia dela ocorreu com um mês de vida, no lugar de uma boneca que ocupava um berço em uma peça.
Ela criou a Fundação Brasileira de Teatro, FBT, depois transformada na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. É filha de Conchita de Moraes. O nome dela é uma homenagem a avó materna, Dulcina de Los Rios Vallina, que também era atriz.
João Cláudio Cardoso Leal
Estudante de publicidade, João Cláudio Cardoso Leal morreu aos 20 anos depois de ser espancado por um grupo de rapazes quando deixava uma boate na Asa Sul.
Ele estava no local para comemorar o aniversário de um colega e teria paquerado uma garota que caminhava à sua frente sem perceber que ela estava acompanhada. O jovem não resistiu aos ferimentos e chegou morto ao hospital.
Marco Antônio de Velasco e Pontes
Foi morto aos 16 anos por uma gangue que se intitulava "Falange Satânica da 405 Norte". Ele estava com dois amigos na quadra em que morava quando viu dez rapazes se aproximando. Os colegas conseguiram fugir, mas Marco Antônio caiu.
Em dois minutos, o garoto foi massacrado a golpes de artes marciais. Ele teve traumatismo craniano, baço rompido, braços e costelas quebrados. Morreu na madrugada do dia seguinte, dez horas após ser internado.
Sepultura do jornalista Mário Eugênio, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
Mário Eugênio Rafael de Oliveira
Conhecido como o "Gogó das Sete", era jornalista especializado em cobertura policial.
Morreu no fim da ditadura militar, após denunciar a existência de um esquadrão da morte em Brasília do qual participariam policiais civis e militares.
Sepultura de Maria Cláudia Siqueira Del'Isola, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
Maria Cláudia de Siqueira Del’Isola
Maria Cláudia tinha 19 anos e estudava psicologia e pedagogia quando foi assassinada. O homem trabalhava como caseiro na casa da família dela, no Lago Sul, foi acusado de estuprar, estrangular, esfaquear e esconder o corpo da jovem debaixo da escada.
Ele teria agido junto com a então companheira, Adriana de Jesus, que atuava como empregada doméstica.
Jorge Cauhy Júnior
Foi um dos primeiros comerciantes a fixar residência no Núcleo Bandeirante e criou o Lar dos Velhinhos Maria Madalena, a Casa da Sopa. Foi deputado distrital.
Rafael Ferrante Perez
Filho caçula da autora, escritora e roteirista Glória Perez, ele morreu aos 25 anos por causa de problemas de infecção após uma cirurgia. O rapaz tinha síndrome de Down e morava com a avó.
Edilson Cid Varela
Fundou um dos principais jornais da cidade, o “Correio Braziliense”. Ele desembarcou em Brasília em 1959, a pedido de Assis Chateaubriand – criador do grupo Diários Associados –, para fundar o jornal e instalar a “TV Brasília”. Os dois veículos de comunicação foram inaugurados com Brasília, em 21 de abril de 1960.
Sepultura do senador Lauro Campos, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
Lauro Campos
Crítico da política neoliberal e do Fundo Monetário Internacional, foi eleito senador pelo DF para o período de 1995 a 2003. Ele infartou no plenário do Senado no dia 10 de outubro de 2002 e foi levado às pressas para o hospital.
Os remédios comprometeram as funções renais e hepáticas e o levaram a outras internações. Foi transferido para o Incor e ganhou alta na véspera do Natal, mas não chegou a ir para casa. Uma febre levantou a suspeita de infecção e obrigou-o a permanecer internado. A partir daí, o estado de saúde piorou. Ele permaneceu em coma induzido por vários dias até morrer.
Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
O cemitério
Mapa geral do cemitério Campo da Esperança na Asa Sul, em Brasília
Reprodução
Entrar no Campo da Esperança é como chegar a outra cidade: de formato circular, o cemitério é extenso – por isso, oferece neste feriado transporte público gratuito para quem quiser se deslocar dentro das dependências.
Ao todo, são 192 mil túmulos apenas no cemitério da Asa Sul.
Praça dos Pioneiros, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília
Raquel Morais/G1
O espaço é separado em setores e quadras, e a “ocupação” segue ordem cronológica.
Apenas israelitas e muçulmanos têm área reservada – para ser enterrado nestes setores, é preciso ter uma autorização emitida pelas respectivas comunidades.
As sepulturas podem tanto ser compradas pela família quanto arrendadas por período determinado, e os “proprietários” devem pagar taxa mensal de administração.
📌 O jazigo de três gavetas com cessão perpétua custa R$ 5.180,18, de duas gavetas R$ 4.197, 04, e de uma gaveta R$ 3.175,39.
História
Durante as obras da construção de Brasília, em 1957, morreu o primeiro "candango" em uma briga de rua.
Só então as autoridades se deram conta de que ninguém havia pensado na urgência da construção de um cemitério.
🔎Candango é o apelido dado, desde a construção de Brasília, aos operários que saíram de todas as regiões do país para erguer a nova capital. Hoje em dia, muitos moradores da cidade referem-se a si mesmos, também, como candangos.
A falta desse espaço foi notícia em diversos jornais à época, e os corpos precisaram ser levados para Luziânia (GO).
Em resposta às críticas, Israel Pinheiro anunciou a construção do Campo da Esperança e ressaltou que os mortos seriam enterrados na grama, com lápides simples, no modelo norte-americano: cemitério parque.
🔎Cemitério parque: tem uma ampla área verde com trilhas, bosques e um ambiente tranquilo e sereno. Além de fazer a homenagem ao ente querido, o visitante pode passear pelo local e aproveitar a paisagem natural. São características desse tipo de cemitério: os jazigos subterrâneos, cobertos por um amplo gramado, e o túmulo identificado por uma placa na cor branca.
A área escolhida seguiu indicação do urbanista Lucio Costa: a 916 Sul.
Lendas da cidade apontam que o local guarda a cova de uma mulher que foi escravizada e alforriada e benzedeira que fazia milagres. Ela teria morrido de hanseníase.
A inauguração do cemitério ocorreu em janeiro de 1959. Para a ocasião, chegou do Pará o corpo de Bernardo Sayão, engenheiro que ajudou a construir a cidade.
Curiosamente, a segunda pessoa enterrada foi seu motorista, que teve um 'ataque do coração' ao saber da morte do engenheiro.
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