Judoca autista do DF tem de competir com quimono emprestado na Argentina após aérea extraviar mala com uniforme
22/08/2025
(Foto: Reprodução) Vitor Ramos, atleta de judô, durante luta em imagem de arquivo.
Um judoca do Distrito Federal convidado para disputar uma competição em Buenos Aires, na Argentina, quase viu o sonho ir pelos ares nesta semana após um erro da companhia aérea.
Vitor Ramos, de 18 anos, é um atleta autista nível 2 de suporte – ou seja, que precisa de apoio para se comunicar e desempenhar atividades do dia a dia. Ele está na capital argentina para o Open Sul-Americano de Judô Inclusivo, que começou nesta sexta (22) e vai até domingo (24).
O problema é que a bagagem de Ramos foi extraviada pela Latam e, com isso, ele ficou sem o judogi – espécie de quimono utilizado pelos judocas, elemento indispensável para entrar no tatame.
O atleta quase foi desclassificado, e só conseguirá competir neste sábado (23) porque arranjou um quimono emprestado. Até a tarde desta sexta, a mala ainda não tinha sido restituída à família.
Ao g1, a Latam Airlines Brasil disse que está em contato com o cliente para solucionar a situação (veja nota completa abaixo).
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Bagagem de mão foi despachada a pedido
De acordo com a mãe do atleta, Flávia Virgínia Ramos, a família saiu de Brasília com conexão em Guarulhos (SP) antes de seguir para Buenos Aires.
"No embarque em Brasília foi avisado que o avião estava lotado e solicitaram que fizéssemos o despacho das malas. Quando cheguei aqui em Buenos Aires, recebi duas bagagens, a minha e a do Rafael, meu outro filho. A do Vitor, justamente a de competição, não veio", contou.
Flávia Virgínia Ramos (à esquerda), Vitor Ramos (ao centro) e Rafael Ramos (à direita) em voo para Buenos Aires.
Arquivo pessoal
Segundo Flávia, funcionários da companhia informaram, inicialmente, que a mala havia ficado em Guarulhos e seria enviada ao hotel ainda na noite de quinta-feira (21).
No entanto, até a tarde desta sexta (22), a bagagem não havia sido sequer localizada.
“Quem tem um filho autista com transtorno de ansiedade, ou mesmo quem tem o mínimo de sensibilidade, é capaz de entender a minha aflição nesse momento. Coisas assim não podem acontecer”, disse a mãe.
Além do uniforme esportivo, a mala também continha as roupas mais quentes do garoto — Flávia conta que faz frio em Buenos Aires.
"Meu filho está usando roupas emprestadas, mas o pior é que não consegue treinar ou competir sem o uniforme", lamentou.
Solidariedade impediu desclassificação
Vitor quase foi desclassificado de campeonato de judô na Argentina após Latam extraviar mala.
Arquivo Pessoal
A mãe contou ainda que o filho entrou em crise de ansiedade ao perceber que não teria como competir.
“Ele passou a madrugada em pânico, andando pelo quarto do hotel, mexendo no celular o tempo todo, com medo de não participar. Foi uma noite muito difícil”, relatou.
Segundo ela, a mala do rapaz estava identificada com o símbolo mundial do autismo. “Não tiveram o menor cuidado”, criticou.
Por pouco, Vitor não foi desclassificado do campeonato. Sem a mala, o jovem só conseguiu treinar porque um dos técnicos da competição emprestou o judogi dele.
“Um dos cuidadores da competição, de forma muito generosa, emprestou o quimono dele para o Vitor, autorizando que ele competisse mesmo sem os patches [faixas de identificação oficiais do evento] que eu tinha costurado antes de vir”, disse a mãe.
Já a faixa marrom, exigida para atletas da categoria de Vitor, deve chegar somente neste sábado (23) – levada de Brasília por uma amiga da família.
“Tudo isso só está sendo possível pela bondade das pessoas, pela empatia de quem se sensibilizou com a situação do Vitor. São gestos assim que fazem tudo valer a pena”, afirmou.
O que diz a Latam
"A LATAM Airlines Brasil lamenta os transtornos ocasionados e informa que já está em contato com o cliente para solucionar o caso."
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